Sobre o filme Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown), eu sabia nada além do título e que ele era muito lindo, conforme minha amiga Lu, que o indicou para mim.

Ao falar de amor romântico no dia 9, eu disse como as produções românticas normalmente terminam na declaração de amor e subsequente beijo entre os dois apaixonados. Alabama Monroe conta a história completa, do início ao literal fim. Mas não o faz por uma narrativa linear - como não são de fato lineares os sentimentos e as lembranças. O espectador constrói aos poucos a história apresentada em tempos diferentes. Nós vemos Elise e Didier em distintos momentos de suas vidas juntos. Uma vida que pode ser amorosa, difícil, de cortar o coração, estrondosamente feliz, imensamente triste, musical, impossível de suportar.
O filme pode ser considerado um melodrama - de fato, é um melodrama. Mas o modo suave e nunca condescendente de conduzir a narrativa do diretor belga Felix van Groeningen o torna doce, triste e claro, arrasador. Em alguns momentos, eu tive de me distanciar da história um pouco a fim de não me afundar completamente em alguns de seus aspectos - que representam um dos meus maiores e mais temidos pesadelos.
Ao final do filme, eu desliguei a TV, fui dormir, e sonhei com Elise, Didier e Maybelle. Esta última corria em volta da casa, mas eu não podia alcançá-la. Hoje, ao acordar com a mesma mistura ambivalente de tristeza e delicadeza, meu maior sentimento era de acolhimento por personagens que me contaram da excruciante dor infelizmente vivenciada diariamente por tantas pessoas no mundo.
http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/03/day-nineteen-march-29.html
http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/03/day-nineteen-march-29.html
Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown). Dirigido por Felix van
Groeningen. Com: Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse.
Roteiro: Felix van Groeningen e Carls Joos, a partir da peça de Johan
Heldenbergh and Mieke Doebels. Bélgica/Países Baixos, 2012, 11 min.,
Dolby Digital, Color (DVD).
|
PS: Em entrevista, Johan Heldenbergh, ator do filme e escritor da peça original, afirmou que ele escreveu a história como uma forma de manifesto político relativo à religião e políticas relacionadas ao veto de George W. Bush às pesquisas com células-tronco. A admiração do seu personagem pelos Estados Unidos, especialmente pela música, é, para mim, um modo de representar como algumas de nossas crenças são construídas sobre telhados muito frágeis, ainda que persistentes.
PPS: Fragmentos: Amor Bandido (Mud, 2012); Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (The Mortal Instruments: City of Bones, 2013 - uma péssima adaptação para uma boa história).
Nenhum comentário:
Postar um comentário