14 de ago. de 2015

Day 118: O Melhor de MIm (5 de julho)

Depois de um dia exaustivo, tudo o que eu queria era ver um filme que não fosse de fato muito bom. De forma alguma eu seria digna de uma história inteligente. Então, eu recorri ao Netflix para encontrar uma produção aparentemente inofensiva. 

Netflix e eu, nós estamos construindo um relacionamento sobrenatural. É assustador como meus pedidos são atendidos toda vez.  

Eu somente soube que O Melhor de Mim (The Best of Me) é uma adaptação de Nicholas Sparks na sequência de abertura do filme. Eu me preocupei um pouco, talvez eu tivesse ido muito longe no meu desejo por um filme mais simples, mas segui adiante mesmo assim. E pela primeira hora, o filme foi uma boa surpresa. Os elementos usuais estavam ali: o presente confrontado comum passado perturbador, dois amantes impossíveis, um banco de jardim perto de um lago... Todos bastante familiares numa história de Sparks. 

Mas apesar desses estereótipos, a primeira metade do filme tem um tom mais sombrio que chama a atenção. Os quatro atores principais são consistentes em seus personagens, mesmo que um Dawson mais novo seja 5 cm mais alto que sua versão 20 anos mais velha. Ao menos Amanda,  seu par romântico, mantém sua altura ao envelhecer. Parece bobo, mas realmente me incomoda quando não há cuidado com esse tipo de coerência em produções que apresentam personagens em diferentes épocas de suas vidas. Então, essa preocupação parece uma bobagem, mas mesmo que Luke Bracey seja bom ator aqui, ele e James Marsden são bastante diferentes, e isso acaba se interpor na história a meu ver. Mas a narrativa é interessante nessa primeira parte do filme, e eu estava curiosa para saber o que aconteceria à frente. 

Tome cuidado com o que deseja. 

A ruína veio por fim, e eu finalmente pude reconhecer Sparks nessa história. O complicado e quieto Dawson e a extrovertida e forte Amanda acabaram por se resumir a um monte de lágrimas e cafonice sem fim, transformando-se totalmente em outros personagens até. O final é tão "eu não consigo acreditar" que toda a conexão entre Amanda e Dawson se transforma em nada. Foi absolutamente excessivo. Se o filme houvesse assumir dois tons mais abaixo, essa história teria sido bastante bonita. 

Depois de um suspense de roer as unhas em torno simplesmente de um homem, no seu carro, à volta com o peso de suas decisões, eu não pude deixar de pensar como intrigas sem fim e personagens malvados não são realmente tão fundamentais para se contar uma história de amor que encontra nada mais que obstáculos. Ok, circunstâncias tendem a se interpor no nosso caminho, a vida acontece independente de nossa vontade, mas essa história foi conduzida de forma tão sensacionalista que se torna digna de um tablóide. 




O Melhor de Mim (The Best of Me)Dirigido por Michael Hoffman. Com:
James Marsden, Michelle Monaghan, Luke Bracey, Liana Liberato. Roteiro: 
J. MIlls Goodloe, Will Fetters a partir do livro de Nicholas Sparks. EUA, 
2014, 114 min., Dolby Digital, Color (Netflix).

PS: Fragmento: Sense8, temporada 1, episódio 9 (de novo :).

PPS: Há 3 ou 4 anos, durante o natal eu tenho relido Dash & Lily's Book of Dares - ele começa em 21 de dezembro e segue até 1 de janeiro. O filme de hoje me lembrou de um diálogo divertido no livro de David Levithan e Rachel Cohn, página 185 (Eu gosto muito de todas as três colaborações desses dois autores): 

(Narrativa do ponto de vista de Lily):
Nós permanecemos de pé na entrada de uma espécie de almoxarifado no porão da Strand.
"Você quer adivinhar o que tem aqui dentro?", perguntei a Dash.
"Acho que eu já sei o que é. Há uma nova leva de cadernos vermelhos aqui, e você quer que nós os utilizemos para escrever pistas relativas ao trabalho de, vejamos, Nicholas Sparks."
"Quem?", eu perguntei. Não mais poetas infelizes, eu implorei em pensamento. Eu não conseguiria acompanhar.
"Você não sabe quem é Nicholas Sparks?", Dash perguntou.
Balancei minha cabeça.
"Então  jamais descubra, por favor", ele disse.

(Lily's voice):
We stood at the door to a special storage room in the basement of the Strand.
 “Do you want to guess what’s in here?” I asked Dash.
 “I think I’ve got it figured out already. There’s a new supply of red notebooks in there, and you want us to fill them in with clues about the works of, say, Nicholas Sparks.”
 “Who?” I asked. Please, no more broody poets. I couldn’t keep up.
 “You don’t know who Nicholas Sparks is?” Dash asked.
 I shook my head.
 “Please don’t ever find out,” he said.

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