11 de jun. de 2015

Dia 1: A Outra Terra (10 de março)

Neste ano, eu me deparei com o fim de um projeto que tomou muito do meu tempo e energia por quase um ano. Ele se relacionava, claro, ao cinema e suas produções, mas num abordagem acadêmica. No entanto, depois de tanto tempo dedicada a algo que parecia tão promissor, eu não sabia o que fazer comigo mesma diante da tela vazia que se tornou o ano que eu tinha pela frente. Um novo projeto, então, se fazia urgentem, a fim de não perder o hábito de refletir (e escrever) sobre filmes e histórias todos os dias, como uma rotina. 

Desse modo, Um Filme por Dia surgiu como uma ideia. Aqui estou, tentanto transformá-la em realidade.  

De início eu pensei nesse projeto para um futuro próximo, mas um filme me fez mudar de ideia e colocá-lo em prática imediatamente. .

A Outra Terra (Another  Earth), filme de 2011 dirigido por Mike Cahill, foi uma indicação da Malu, uma verdadeira maga do mundo do cinema. Ela sabe do que fala, e não aconselho julgá-la pela pouca idade :) A sua indicação trouxe uma surpresa inesperada e o desejo de iniciar de logo este blog. 

A minha cópia do filme estava com defeito - como conferi com Malu depois -, e algumas imagens se encontravam distorcidas. Apesar de ser um defeito, a dirtorçao se somou ao estranhamento que senti desde a primeira cena. Eu não havia lido nenhum comentário ou crítica sobre o filme antes de sentar para assistir a ele;  eu não sabia o que esperar. Assim, tive uma grande e incrível surpresa à medida que via as cenas à minha frente.

Como este é o primeito post neste blog, eu preciso esclarecer que eu tentarei ao máximo evitar spoilers ao me referir às produções sobre as quais escrevo. Também não é minha intenção fazer uma crítica em si ou apresentar um resumo da história. Eu prefiro contar  o que eu senti ao ver um filme, quais as referências e lembranças a que ele me remeteu, da mesma forma que fiz no meu outro blog com Amèlie. Claro, aspectos de crítica aparecerão, mas não é o objetivo aqui. 

Não é fácil descrever o que eu senti com A Outra Terra. Estranhamento, como eu disse antes. Encanto. Surpresa. Uma tristeza enorma e de cortar o coração. Dúvida. Encanto - de novo. E, por fim, gratidão por estar com essa historia naquele exato momento da minha vida. O universo dos filmes sabe o que faz, sendo um mestre em me apresentar os exatos filmes de que preciso em determinados momentos da minha jornada por esta louca vida.

Lembrei de algo que ouvi em uma palestra na semana passada. Um professor, ao se referir ao estudo das imagens,, disse que não nos é possível capturar uma imagem em sua totalidade a fim de fazer uma análise em detalhes e objetivamente.  Como exemplo, ele se referiu às borboletas: para estudá-las, um cientista as espeta num quadro, mantendo-as imóveis. Esse, contudo, não é o método adequado ao pesquisador de imagens em movimento. A melhor maneira, disse ele, ou única possível na verdade, seria deixar a borboeta gravitar à nossa volta, considerando-nos gratos pelos relances de imagens que ela nos dá. 

As imagens do cinema, imagens sonoras em movimento, são como as borboletas. Nós tentamos dissecar um filme, sua história, sua técnica, sua produção, e esquecemos das outras possibilidades: os relances de vida que nós nem sempre somos capazes de capturar de forma racional e lógica. 

Esse foi um dos pensamentos que me ocorreu durante A Outra Terra. Houve muitos outros, mas eles se perderam ou ainda surgirão - talvez. O filme, ao mesmo tempo em que é quase uma tese a respeito de como podemos conhecer a nós mesmos por meio do outro, da alteridade, consegue escapar às armadilhas de uma discussão racional e distante. Estabelece múltiplas relações com diferentes aspectos da vida, especialmente aqueles que advêm da perda, dor, remorso. Ao assim fazer, consegue falar sobretudo sobre esperança, e de uma forma nada sentimental. Eu juro que é assim, apesar deste post bastante sentimentalista...

Ainda muito impressionada, deixo aqui estas poucas impressoes sobre o filme de Mike Cahill. Você já assistiu a ele? Conta para mim o que achou. Um filme se constrói em nós não apenas com nossas próprias impressões, mas com as visões e opiniões de outros. Conhecimento pela alteridade, dentro e fora do filme. 

Que nossa jornada seja incrível. Um ano feliz com os filmes para todas e todos nós.

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/03/day-one-march-10.html


Another Earth. Direção de Mike Cahill. Com: Brit Marling, 
William Marporther, Matthew Lee-Earlbach. Roteiro:  Mike 
Cahill, Brit Marling. EUA,2011, 92 min,. Dolby, color (DVD).




PS: Eu não poderia concluir este post sem um post scriptum - os meus favoritos. Este é para ressaltar que a versão original deste blog é em inglês, no endereço: http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/. O duplo desafio de escrever sobre um filme por dia e em um idioma estrangeiro veio pela necessidade de treinar minha escrita em inglês. One Movie a Day completou três meses ontem. Os posts serão apresentados aqui aos poucos, até que, um dia, espero, eu consiga sincronizar os dois. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário