28 de jun. de 2015

Dia 27: 14 Estações de maria (5 de abril)


Tenho um forte sentimento de que não vai demorar muito para este desafia acabar comigo. 

Normalmente, eu procuro histórias mais intensas, mas num espaço de tempo maior entre um filme de cortar o coração e outro. E mesmo que eu tente assistir a produções mais leves, a qualidade e força de alguns dos filmes que vi em menos de um mês tem sido surpreendente. 

Para o domingo de Páscoa eu procurei um filme que de alguma forma se relacionasse a religião, e meu desejo foi atentido com 14 Estações de Maria (Stations of the Cross/Kreuzweg), do diretor alemão Dietrich Brüggemann. Já na primeira cena, eu percebi o quão devastador esse filme seria ao final. 

O foco principal é educação religiosa para jovens, mas claro que o filme transcende a questão de forma bastante contundente. Desde a opressiva forma com que a jovem Maria, de 14 anos, é educada pela sua mãe exageradamente rigorosa  e pelo pai lerdo e inefetivo (um verdadeiro banana), é possível pensar como atos criminosos de fato são cometidos contra as crianças pelas suas famílias, dentro de suas casas. No entanto, por não se tratar de agressão física ou algo que poderia chamar a atenção das autoridades, essa violência continua a ocorrer diariamente, por parentes despreparados num ambiente familiar que se torna um eterno pesadelo para os mais novos. 

Estaçoes é um grito estridente por atenção, executado pelo silêncio arrasador da protagonista. Maria é tão séria, doce, comprometida com o que ela pensa ser o correto, a partir de crenças marteladas tão profundamente que ela não se vê sem opção que não desaparecer no interior dessas crenças. 

Em determinado momento, a mãe de Maria, quando questionada sobre sua fé, afirma que não é apenas uma fé, como se pudéssemos medir as crenças humanas em Deus. Ela sustenta que se trata da fé real, da verdadeira forma de alcançar uma vida livre de pecados (mais real que aquela pregada pelo Vaticano, de acordo com a visão da igreja de que faz parte). E por ser intolerante da mesma forma que temos presenciado ao longo da história da humanidade, nos tempos atuais inclusive, ela não apenas não alcança sua salvação, como consegue justamente o oposto. 

O filme de Brüggemann é um grito tão ensurdecedor, mas os créditos finais são silenciosos. Como eu, de uma forma tal que não me vejo saindo desse silêncio por um bom tempo.  

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/2015/04/day-twenty-seven-april-5.html



Esse médico é incrível... se ao menos houvesse mais como ele..

14 Estações de Maria (Kreuzweg). Dirigido por Dietrich Brüggemann. Com:
 Lucia Aron, Anna Brüggemann, Michael Kamp. Roteiro: Anna Brüeggemann. 
Alemanha,  2014, 110min., Color.

Nenhum comentário:

Postar um comentário