23 de jun. de 2015

Dia 9: Cinquenta Tons de Cinza (18 de março)

Eu tenho a impressão, às vezes, de que o mundo entrou numa máquina do tempo e voltou para os anos 50 do século passado. O que me da essa impressão? Comentários que leio na internet sobre religião, política, arte. Eu me senti dessa forma especial na estreia de Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey) nos cinemas.

Este post está incrivelmente gigante, e para aqueles que não querem lê-lo por completo (mesmo que eu não tenha dito nem a metade do que tem passado pela minha cabeça), adianto uma trecho que virá mais adiante, e que se refere ao que desejo destacar aqui:  
... para muitos esta história faz sentido. Eles podem apreciar e se divertir com diferentes aspectos, são capazes de se identificar com vários elementos na história ou simplesmente encontram ali uma forma de escaparem da aridez do cotidiano. Cada um desses leitores/espectadores possuem suas escolhas próprias. O que é inaceitável, a meu ver, é que todas as críticas irônicas e opiniões enfurecidas apresentam um desrespeito bastante agressivo com aqueles com os quais esses comentários protestam tão estridentemente:   mulheres chamadas de burras e estúpidas, delirantes, a favor do estupro, mães tolas... tudo por gostarem de histórias como Cinquenta Tons. Esse fato é realmente triste e preocupante - essa agressão é constante e pode passar despercebida em várias das críticas e comentários sobre filmes e livros. 
No entanto, não se trata apenas dessa questão. Há realmente vários tons a respeito, e é impossível dar uma visão completa a respeito - se é que isso existe. 


A unica coisa que perdemos neste filme é a paciência 

A pré-estreia do filme, numa sessão à meia-noite, foi há um mês atrás. Hoje, eu assisti a Cinquenta Tons pela quarta vez, apesar de ele ser de fato muito tosco. Mas desde a meia-noite do dia 12 de fevereiro, algumas das críticas sobre o filme têm me incomodado muito, levando-me ao desejo de escrever algo a respeito. 


O livro de E.L. James, publicado a partir da sua fanfic de Crepúsculo, inicialmente intitulada Master of The Universe (Senhor do Universo) é de fato mal escrita. Sem duvidas aqui. Não ajuda também que, por se manter nas premissas dos fatos, eventos e personagens de Crepúsculo, se tornou ainda mais difícil desenvolver o mundo apresentado por ela na trilogia Cinquenta Tons. Contudo, esses aspectos realmente não interessam para aqueles que gostaram dos livros, criando uma relação estreita com a história, e esperaram ansiosamente pelo filme. 

Neste ponto, um aviso se faz necessário: histórias românticas são para aqueles que gostam do gênero. Eu tenho ouvido várias opiniões de diferentes pessoas que normalmente não lêem esse tipo de história afirmando como Cinquenta Tons é horrível. Mas eu creio que aqui a questão não é somente esse livro em si, mesmo que ele seja a principal referência dessas críticas. O gênero não agrada, o livro provavelmente não fará milagres nesse sentido.

Apesar de todo o dilema em torno de Cinquenta Tons, a trilogia, como Crepúsculo, é uma história simples, mas que desperta imenso interesse, sobre sermos vistos, aceitos e amados apesar de toda a difícil bagagem que trazemos. Os livros, como costuma ocorrer com romances, podem ter sua dose de cafonice, são com certeza tolos às vezes, mas sobretudo uma leitura que prende os leitores que conseguem se identificar com esse tipo de história. História, aliás, que é a protagonista, para mim, em ambas as incrivelmente mal escritas (e mesmo assim inelargáveis) trilogias. 

Um ponto importante: tanto Crepúsculo  quanto Cinquenta Tons são a mesma história.  A mesmíssima. Até mesmo a sexualidade intensa do segundo está presente no primeiro, mesmo que de forma disfarçada por Stephenie Meye, em razão de seus princípios religiosos. Não por acaso E.L. James escreveu sua versão com foco no relacionamento sexual entre os protagonistas a partir do que havia lido dos livros de Meyer. 

Nesse cenário, então, surge uma pergunta importante a meu ver, e um questionamento pouco visto nas críticas e comentários que li até hoje: por que essas duas histórias, que são essencialmente a mesma, fizeram tanto sucesso, mas ao mesmo tempo não são consideradas de forma mais objetiva? O furor é intenso dos dois lados, dos que as amam e daqueles que as rejeitam. Sim, porque há muito barulho contraditório direcionado às duas trilogias, fenômenos culturais contemporâneos, e a pré-estreia de Cinquenta Tons me levou a pensar a respeito de forma mais atenta. 

Por um tempo já, o cenário da ficção romântica popular tem mudado, eu acho. Claro, o amor romântico ainda é uma norma na maior parte das histórias, e Cinquenta Tons não é uma exceção. O pesquisador junguiano Robert Johnson sustenta, em seu livro We - A chave da psicologia do amor romântico, que o amor romântico é uma praga no mundo Ocidental desde a chamada Idade Média, em particular a partir da história de Tristão e Isolda. Ele afirma que, pelos padrões do amor romântico, nós nos apaixonamos não pela pessoa, mas por uma ideia que projetamos para além dela. De acordo com a concepção romântica do amor, um amor verdadeiro seria puro, belo, não físico e o principal objetivo da existência de um apessoa. Nobre e elevado, esse amor se tornou um ideal impossível de alcançar, num eterna busca presente no inconsciente coletivo do Ocidente (no âmbito das teorias sobre o inconsciente apresentadas por Carl Jung). O amor, por essa noção, deveria superar todos os aspectos mais ordinários da vida, transformando os amantes em seres extraordinários. Ou algo assim. 

O amor de fato é um caminho para o extraordinário... mas não o amor romântico idealizado. 

O protagonista Christian Grey, in Cinquenta Tons, traz consigo os estereótipos de todo herói romântico em histórias mais populares. Ele é superlativo em vários aspectos: muito bonito, muito atraente, muito rico, muito inteligente (e muito outros coisas neste conto erótico). Ele seria, conforme o título da fic de James, o senhor do universo. Ana Steele, a inocente heroína, não teria outra alternativa senão se apaixonar perdidamente por ele, sendo apresentada a um mundo de opulência e presentes caros. Ela recusa todos, deixando claro que seu amor é puro e não orientado por razões materiais. Até aqui, nenhuma novidade no cenário dos contos românticos. 

Contudo, em determinado ponto o quadro usual dos romances mudou aqui. E é nesse sentido que, a meu ver, Cinquenta Tons se diferencia e tem sua importância atualmente, levando-o a se tornar um fenômeno. Ele consegue desafiar alguns aspectos mais comuns nos romances populares. Christian parece o príncipe ideal, mas ele não é. Ele, na verdade, é bastante consciente dos seus problemas e defeitos, e em momento nenhum esconde isso de Ana, desde o momento em que se encontram. O que o livro conta é que uma atração tão forte para ambos os personagens que os força a tentarem uma vida juntos, apesar de todas os questionamentos à sua forma de viver usual, apesar de todos os desafios que essa vida juntos apresenta para ambos.  


Claro que há uma razão específica para cada leitor gostar dessa história e com ela se identificar. Os cenários de sonho,  a já mencionada opulência, a forma como Christian oferece de tudo a Ana, etc., etc. Esses aspectos não chamaram minha atenção na leitura dos livros, mas, no entanto, tenho consciência de como tudo isso pode ser atraente para alguns leitores, e como são elementos criticados na trilogia, por incentivarem uma fantasia de consumo e de idealização da riqueza. 

Bom, o que me prendeu de forma bastante contundente durante a leitura dos livros, contudo, foi algo diferente, nem melhor ou pior que outros motivos. Mas se trata, porém, de um aspecto que tenho visto apontado como fundamental por muitos dos leitores de quem pude ouvir a opinião a respeito. 

Relacionamentos são difíceis, trabalhosos, mas nós o que normalmente vemos nos filmes é um amor romântico apresentado como salvação. Não por acaso, filmes românticos costumam acabar na declaração de amor e no primeiro beijo que sela esse pronunciamento, como se encontrar o amor fosse o fim de todos os obstáculos e desafios. A meu ver, Cinquenta Tons segue numa direção diferente, e por não se situar num cenário mitológico como Crepúsculo, pode enfatizar estes pontos de forma mais clara: cada relacionamento apresenta seus desafios próprios, e toda pessoa neste universo possui suas bagagens de vida. Dor, medos, preocupações, culpa, sentimentos ambivalentes e, em muitos causas, traumas. Tornar-se disponível ao relacionamento com outra pessoal exige um confronto bastante difícil com toda essa bagagem. 

E para mim, assim como para muitos, é essa dificuldade excruciante que Cinquenta Tons aborda. Trata-se de uma história sobre uma pessoa que se vê como digna de ser amada. E se Christian Grey merece esse amor, apesar de toda sua confusão (e não me refiro aqui às suas preferências sexuais), bom, então todo mundo no mundo merece o mesmo. Eu penso que leitores ao redor do mundo podem se identificar fortemente com esse aspecto. 

De volta ao princípio, a fanfic de James fez um imenso sucesso na internet, os livros foram um fenômeno de vendas por recomendações dos leitores, e agora o filme também foi um marco nas bilheterias. O burburinho a respeito se tornou ensurdecedor, e no tumulto que ele causou a história acabou por se tornar secundária. E que história, muitos podem perguntar? Eu considero que há uma sim, e digna de ser contada atualmente. 

Críticas enfurecidas anunciaram como os livros e o filme enconrajariam a violência doméstica e o estupro (nesse ponto, é preciso respeitar profundamente e buscar toda a paciência necessária). A impressão que me veio no filme foi que todas essas opiniões dissonantes levaram a melhor na hora de produzir a adaptação dos primeiro livro da trilogia para o cinema. O resultado, que eu vi quatro vezes no cinema, reflete o temor de contar a história de amor erótica de Christian e Ana em filme. 

Eu realmente queria gostar desse filme. De fato, eu saí da sessão da meia-noite pensando que estava tudo bem, que realmente se tratava de uma material difícil de adaptar e que essa era uma adaptação honesta. Mas no dia seguinte, ao retornar ao cinemas para confirmar o que tinha visto... Minha percepção fora do burburinho da pré-estreia foi outra,  e as palavras que me acompanharam na saída, dessa vez, foi covardia, medo e futilidade. 

Porque, vejam vocês, o drama maior nessa adaptação envolveu os aspectos de dominância e bondage do relacionamento entre os dois protagonistas. As cenas de sexo explícitos presentes no livro levaram os espectadores a chegarem à sala de cinema rindo nervosamente. Era um clima muito curioso. Adultos rindo histericamente em embaraço pelo que iriam ver na tela, in uma histeria maior do que a presenciada nas estreias de Crepúsculo (e não era pouca). 

Em Cinquenta Tons, Ana é amarrada, vendada, recebe palmadas durante o sexo, o que levou a um revisar de olhos sem fim, assim como a vários gritos de estupro e abuso. Esse cenário de fato foi um desafio para a produção quanto à escolha de como contar essa história em filme. E assim começou um batalha de proporções homéricas: diretor e autora discordando constantemente, atores principais que se odiavam, roteirista e produtores com visões diferentes a respeito da censura... Não é uma surpresa que o filme seja essa zona estéril e amorfa, na verdade. 

A história, ao que parece, era o menos importante para os realizadores do filme. Os personagens parecem dispensáveis também. Ausente do filme está o que fez com que milhares de leitores ao redor do mundo não conseguirem parar de ler uma narrativa tão mal escrita até o final. Ausente estava o que tornou essa história tão intensamente atraente, apesar da forma com que apresentada. Porque o formato da narrativa não esconde o quão intensa e cativante é essa história de amor entre duas pessoas que têm de enfrentar as si mesmas para estarem juntas (novamente, para quem gosta do gênero). E essa intensidade não está presente em nenhum aspecto do filme. 

Não ajuda em nada que os dois atores principais, Jamie Dornan e Dakota Johnson tenham a atratividade e a química de dois peixes congelados. Não ajuda também que as cenas de sexo sejam frias como esses dois peixes. Outro obstáculo alinda foi a opção equivocada da produção pela censura de 16 anos (PG-17 nos Estados Unidos) para uns história que apresenta um relacionamento que se fundamenta sobretudo por uma atração física tão forte que obriga os dois personagens a irem contra tudo que acreditam nas suas vidas de modo a construírem um relacionamento juntos. 

Ana não é estúpida (mesmo que forçosamente vinculada aos ataributos juvenis de Bella Swan de Crepúsculo). Ela é de fato bastante forte para uma mulher tão jovem e inexperiente. Christian não é o cara rico e grosseiro que objetifica a mulher por quem sem apaixona - mas o filme o retrata exatamente assim, ao tentar fazer o oposto. É irônico até, um legítimo tiro que saiu pela culatra. Aqueles envolvidos na produção cinematográfica tentaram tanto se distanciar dos aspectos mais difíceis da história de James que conseguiram de forma magistral bagunçar tudo de vez, de forma que somente a confusão e a ganância conseguem com tanta eficiência.  

Perdeu-se, aqui, uma oportunidade valiosa de se contar melhor uma boa história. Uma oportunidade importante de apresentar um casal tentando  uma vida juntos apesar de uma bagagem pessoal difícil e de sentimentos contraditórios. Uma chance de mostrar como, mesmo por meio de uma escrita cafona, E.L. James conseguiu apresentar diálogos honestos em personagens que, por não serem capazes de se afastarem um do outro, se vêm obrigados a confrontarem a si mesmos de forma verdadeira de modo a construírem um relacionamento. 

Abuso está presente em todos os relacionamentos. Não necessariamente físico, ele está lá, no entanto, e pode ser bastante dissimulado. Manipulação, indiferença, desrespeito, ausência de amor, covardia, dúvida, medo... Não é raro de fato. O incomum é que possamos enfrentar esses aspectos de forma honesta e forte, que encaremos as nossas falhas de frente.  Christian é brutalmente honesto acerca de seus defeitos e dificuldades. Ele é abusivo no primeiro livro, mas não sexualmente. Sua maior dificuldade, a meu ver, é sua incapacidade de se relacionar para além do físico, de se deixar tocar, de abrir mão do detalhado controle que exerce no seu ambiente próximo para evitar uma aproximação mais íntima, e não o sexo de sua preferência. E não considero que ele seja dominante sexualmente pelos seus traumas também, um fator que se tornou elemento de crítica por parte dos praticantes BSDM. Ele é um controlador compulsivo, e precisa mudar a fim de construir um relacionamento íntimo física e emocionalmente. Às vezes, eu tinha vontade de dar um murro nele, é verdade. Mas outro aspecto importante na história é que, à medida que ele vai conhecendo Ana melhor e se permite abir para outras formas de relacionamento além da até então confortável no seu mundo, ele não abre mão de suas características dominantes. A meu ver, esse foi um fator importante na história, que enfatizou como suas preferências não eram uma patologia. O problema estava em outro lugar, e é isso que Ana torna claro e acessível para Christian.

Outra questão fundamental é a discussão da sexualidade feminina de forma aberta e honesta. E.L. James afirmou, em entrevista, que, apesar de todas as controvérsias a respeito dos seus livros, o que ela via era um número cada vez maior de mulheres (e homens) prestando uma maior atenção ao que ainda é pouquíssimo abordado, inclusive entre as mulheres. Nesse sentido, o livro não somente não é machista, como reafirma de alguma maneira como a mulher precisa ter consciência sobre as escolhas a respeito da sua sexualidade. A prática BSDM entre Christian e Ana não é o tom de seu relacionamento, se você estava aqui pensando como é irônico que uma mulher tenha poder sobre sua sexualidade num relacionamento submissivo. Não é, no entanto. 

O segundo e terceiro livros da trilogia são ainda piores em alguns aspectos que o primeiro: a trama romântica foi quase insuportável para mim, até que, na metade de ambos os livros, a história retornou ao que havia prendido minha atenção: duas pessoas enfrentando de forma honesta e aberta seus próprios medos e noções preconcebidas sobre o amor e os relacionamentos, de forma a ficarem juntas verdadeiramente, como eu disse antes, exaustivamente. 

Qual a complicação? Amigos que sabe como eu tenho pesquisado sobre o impacto de Crepusculo  e Cinquenta Tons me contaram como eles se sentiram a respeito do livro. Uma amiga, ativista do movimento feminista, disse que ela precisou ler os livros para saber do que se tratava, em virtude da questão sobre agressão à mulher - e o olhar de incredulidade dela foi impagável. Alguns outros amigos consideraram que se trata de uma boa história de amor, mesmo que mal escrita, e apresentaram a mesma expressão confusa a respeito da polêmica em torno da trilogia. Outros ainda absolutamente odiaram o primeiro livro, e não conseguiram chegar aos demais - uma história tão mal escrita, eles afirmaram. Não era a praia deles.  

Mas para muitos esta história faz sentido. Eles podem apreciar e se divertir com diferentes aspectos, são capazes de se identificar com vários elementos na história ou slimplesmente encontram ali uma forma de escaparem da aridez do cotidiano. Cada um desses leitores/espectadores possuem suas escolhas próprias. O que é inaceitável, a meu ver, é que todas as críticas irônicas e opiniões enfurecidas apresentam um desrespeito bastante agressivo com aqueles com os quais esses comentários protestam tão estridentemente: mulheres chamadas de burras e estúpidas, delirantes, a favor do estupro, mães tolas... tudo por gostarem de histórias como Cinquenta Tons. Esse fato é realmente triste e preocupante - essa agressão é constante e pode passar despercebida em várias das críticas e comentários sobre filmes e livros.  

Por fim (finalmente!!!), cito aqui dois comentários à crítica do NYTimes  sobre o filme Cinquenta Tons de Cinza antes da sua estreia. É curioso como o crítico visivelmente gostou do filme, mas não pode admitir (na minha visão, claro). No entanto, no meio de tanto estardalhaço e minha própria confusão em como se acaba com uma boa história numa adaptação tão ruim, dois comentários disseram muito do que eu tentei apresentar aqui, e eu termino este longo, longo post com essas duas opiniões:

(Os trechos originais estão no post em inglês)

Acho fascinante como uma história de amor feminina com sexo ousado como um personagem secundário se encontra sob tamanho escrutínio. A razão desse livro ter vendido bem e continuar assim é o fator redentor de ser visto, amado e aceito. Ao que parece, as fantasias masculinas não sofre a mesma redução à estupides. Um homem mascarado usando um colant e uma capa que luta contra o crime não seria estúpido? 
Obrigada, Forest, por cortar outra feminista aversa ao sexo dos anos 70, que ainda estão rondando por aí (ou suas descendentes), e que não sabem a diferença entre abuso e sexo consensual - e nem estão interessadas em saber. Estão somente amarradas na controvérsia (trocadilho intencional). Elas assim o fazem como os idiotas puritanos quanto aos direitos religiosos. Mulheres compraram os livros da trilogia por curiosidade, mas elas também os compraram (assim como outros similares) porque se trata de uma fantasia, e uma que, importnate, traz uma lição relevante. Em última análise, a história é uma fantasia convencional  que retrata uma pessoa com feridas a serem curadas por amor  (banal, mas, novamente, a maior parte das tramas é). No entanto, ao fim, no terceiro livro, Anastasia consegue o que ela quer: ela tem Christian como companheiro e mante, mas ela também conseguiu perceber oque ela quer sexualmente. O que esse livro despertou nas mulheres foi a ideia de que é válido que elas procurem o que elas querem, e requeiram isso do parceiro (se você tiver lido o livro, Anastásia recebe muitos mais 'benefícios' que Christian). Eu creio que o livro disse a essas mulheres que também é válido experimentar e tentar coisas diferentes.  Se o livro é mal escrito ou não é irrelevante, por ter atingido e tocado tantos leitores, ajudando a dissipar a prevalência da mensagem religiosa que transformou o sexo em uma máquina de reprodução, e a mulher em um recipiente para as necessidades masculinas, em que não se superou ainda o período medieval.

Essa imagem mostra quão próximos esses dois conseguem ser...
Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey). Dirigido por Sam 
Taylor-Johnson (O filme deveria ter sido dirigido pela pessoa responsável 
pela trilha sonora). Com: Jamie Dornan (depois de Charlie Hunman ter fugido do personagem, ele veio agora afirmar que não tem medo do nu frontal, numa 
espinhada à cláusula contra nudez frontal exigida por Dornan... assim tá fácil)
Dakota Johnson. Jennifer Ehle. Roteiro: Kelly Marcel a partir do livro
de E. L. James. EUA, 2015, 125 min., SDDS/Dolby Digital/Datasat, 
Color (Cinema).



 PS: Fragmentos: Eu sou a Lenda (I Am Legend, 2007), Dizem por aí... (Rumour Has It2005) e, primeira coisa pela manhã, Eternos Amantes (Only Lovers Left Alive2013) novamente. Não havia conseguido largar do filme ainda, e tive de ver algumas partes de novo. E falando sobre atração, Sam Taylor-Johnson poderia aprender muito com Jarmusch. 

PPS: As regras do amor romântico são de fato bizarras. Um dos reality shows mais surreais atualmente, e por um tempo já (13 para se exata) jé The Bachelor e seus spin-off - The Bachelorette, Bachelor Pad e o mais recente Bachelor in Paradise. Na semana passada, vi uma entrevista em que Sean Penn dizia como ele e Charlize Theron assistem à série, mas discordam sobre passar as imagens rapidamente - Sean defende que o interessante são as decisões e todo o chororô. Ele não curte os encontros e as partes dos diálogos Compreensível, é de fato de lascar de ruim, concordo com ele. Mas eu sempre encontro uma forma de conseguir seguir assistindo até o fim, mesmo que a escolha de ver a série seja somente minha. Existe uma diferença entre The Bachelor/The Bachelorette e as outros dois shows da franquia: nos dois primeiros, o objetivo é encontrar o amor, uma meta romântica para a vida toda. Em Bachelor Pad e Bachelor in Paradise, trata-se de uma competição, na qual os vencedores recebem um prêmio em dinheiro. Então, nestes últimos, o sexo é incentivado, assim como a troca de parceiros é comum, o que seria inadmissível na busca do amor verdadeiro... fala sério. Que vida é essa?, eu pergunto. 

PPPS: Hoje, minha querida amiga Kal, uma irmã de coração, me enviou esta imagem captada em suas andanças pro Los Angeles. Eu acho que ela se relaciona ao que dito aqui, e então a trago adiante: 



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