12 de jul. de 2015

Day 89: O Lado Bom da Vida + Os Belos Dias (6 de junho)

O mundo quebrará seu coração de todas as formas. Isso é garantido. Não consigo nem explicar como, ou contar da loucura dentro de mim e de todas as pessoas. 


Se O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook) está passando na TV, não consigo deixar de ver. Tem sido assim desde a primeira vez que o vi no cinema há alguns anos, numa sessão de pré-estreia.  

Esse filme acaba comigo toda vez, não importa quantas vezes sejam. Ele me prende sempre com seu modo de se referir a uma tristeza e loucura profundas. algumas pessoas já me disseram ter achado o livro de Matthew Quick melhor que o filme, principalmente por considerarem que ele aborda a condição mental do personagem mais seriamente. Eu discordo, mas sou, para variar, voto vencido. Apesar de se tratar de duas histórias até mesmo diferentes - os fatos mudam muito entre o livro e o filme -, este último aborda a doença mental de uma forma que considero mais precisa ao ser engraçado e tocante, oferecendo mais camadas à história. 

Eu senti o mesmo em As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Walflower). O livro é muito bom, mas o filme consegue ser algo mais com sua extrema delicadeza diante de um tema difícil - e Stephen Chbosky escreveu tanto o livro quanto o roteiro. Ele contou a mesma história de duas formas diferentes, sendo que o filme consegue ser mais poético, enquanto o livro narra de forma mais pesada. 

A princípio, pode parecer que uma abordagem mais leve de um assunto tão complicado poderia tirar um pouco da sua seriedade e intensidade. Não senti assim em nenhum dos dois filmes, pelo contrário. E para provar como os filmes foram mais marcantes para mim, posso lembrar cada detalhe deles, mas pouquíssimo dos livros. 

Há algo no filme de David O. Russel que sempre chama minha atenção: como as chamadas pessoas normais parecem mais insanas que os personagens apontados como loucos. O melhor amigo de Pat é um exemplo. Ele é tão perturbado, sua vida é uma bagunça em sua falsa calma, ele está tão preso na loucura aparentemente normal do seu casamento, trabalho e recente paternidade, que eu não sei como ele não está numa instituição mental.  

Hoje, não consegui desligar a TV antes do fim desse filme incrível, então eu o vi completamente de novo. e eu provavelmente farei o mesmo num futuro próximo.



Esta cena me faz chorar toda vez... 
e o capítuloda montagem é um dos meus preferidos no livro. 

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)Dirigido e escrito 
por David O. Russel, a partir do livro de Matthew Quick. Com: 
Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Jacki Weaver. EUA, 2012, 
122 min., Datasat/Dolby Digital, Color (Cable TV). 



Depois de Silver Linings, decidi por uma imersão no sofá de forma a assistir ao filme seguinte, Os Belos Dias (Les Beaux Jours), uma produção francesa de 2013 com a incrível Fanny Ardant, que eu não via há tempos na tela.  

Lembro da primeira vez que a vi num filme de François Truffaut (que eu amo de paixão), A Mulher do Lado (La Femme D'á Côté). O início é uma comédia, que acaba por evoluir para uma tragédia. Ele é cativante, amedrontador e muito belo. Teve tanto impacto em mim que eu consigo lembrar do local em que estava sentada e das pessoas ao meu redor, de toda a atmosfera no cinema naquele momento. 

Muito diferente foi a reação a Os Belos Dias, que é de tal forma refrescante que se torna uma alegria. Assim é até as cenas finais, em que há uma mudança talvez pela pressão sobre o roteirista no sentido de concluir de modo edificante a história de uma mulher de 60 anos que tem um caso com um cara mais novo - um cachorro total, mas honesto e fofo ao menos.  Tudo estava seguindo tão bem, eu cheguei a pensar como esse filme tinha sorte de ser francês e não americano, conseguindo assim evitar o excesso de sentimentalismo, quando por fim o roterista ficou totalmente confuso. E uma lição redentora acabou por surgir de um caso que não precisava ser nada além disso, e não seria menor por não oferecer uma redenção aos personagens. 

Minha própria conclusão durante os créditos finais (depois da desnecessária última cena): este mundo está se tornando muito complicado para mim, mesmo no cinema. 

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/2015/06/day-eighty-nine-silver-linings-playbook.html

Os Belos Dias (Les Beaux Jours). Dirigido e escrito por Marion Vernoux 
a partir do livro de Fanny Chesnel.  Com: Fanny Ardant, Laurent
Lafitte, Patrick Cheasnais.  França, 2013, 94 min., Color (Net).


PS: Poldark, Temporada 1, episódios  2 e 3. 



PPS: Fato engraçado: depois de assistir a Silver Linings Playbook pela primeira vez, eu viciei um pouco em Raisin Bran por algum tempo :)

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