3 de jul. de 2015

Dia 44: Sr. Nobody (22 de abril)

Na manhã do dia 22 de abril, acordei depois de um sonho com a sensação de estar flutuando. Dois dias antes disso, um amigo havia postado algumas cenas do seu filme a ser lançado, e elas provavelmente permaneceram na minha mente, para surgirem novamente em sonho. Imagens flutuantes levaram-me a acordar com essa sensação, conduzindo-me a um dia que parecia ainda um sonho. E eu o vivenciei como se assim fosse. 

E
O genial Jared Leto, que nos leva a sonhar com
ele e Nemo. 
Então, à noite, quando chegou a hora de escolher o filme do dia, eu procurei por algum que me permitisse continuar sonhando... E eu fiz a escolha certa com Sr. Nobody (Mr. Nobody).

Há várias opiniões sobre o cinema ser uma lugar de sonhos... algumas delas se referem sobretudo ao aspectos de ilusão e fantasia. Tudo bem, porque o cinema é de fato um universo imenso que comporta vários elementos. No entanto, em Mr. Nobody, essa percepção é mais literal. 

Pode ser incrivelmente difícil explicar um sonho quando acordamos... Com os olhos abertos, suas imagens se tornam turvas, e o que parecia tão claro durante o sonho, é difícil de definir em palavras ou descrição racional. Contudo, mesmo se não formos capazes de entender os sonhos de maneira racional, esclarecendo-os totalmente, eles normalmente fazem muito sentido para o sonhador, ainda que por meio do que parece absurdo. Sem explicação, nossa vida e até elementos para além dela estão ali para que nós os acessemos.  

É também nesse sentido que um filme pode se assemelhar a um sonho. 

Sonhando juntamente com as imagens lindas e arrasadoras de Mr. Nobody, é até fútil procurar por explicações. Nós somos tantas possibilidades, tanto potencial, com tão pouco tempo para realizar tudo o que somos... que a vida se torna um sonho por si só, com todas as nossas possibilidades convivendo em nós, mesmo que consideremos algumas delas como não reais. 

Elas são, porém. Alguns aspectos da vida de Nemo me fizeram chorar com imensa tristeza - eles são tão próximos à vida, que não havia como não me emocionar. Alguns outros me encantaram... outros ainda me deixaram curiosa. E há, como não posso esquecer, o amor, claro, todos os tipos devastadores de amor. Durante todo o filme, eu desejei que ele não tivesse de acabar. E meu desejo foi realizado... A vida segue continuamente, apesar dos créditos finais na tela. 

Diante da aparentemente doida (mas de fato precisa) história de Nemo Nobody, precisamos abrir mão da razão e do pensamento que busca explicações, permitindo-nos flutuar juntamente com ele, em suas diferentes e variadas possibilidades de vida - possibilidades que um Nemo de 9 anos sustenta chegarem ao fim quando fazemos uma escolha. As long as you don't choose, everything remains possible... Enquanto você não escolher, tudo permanece possível...

Há, aliás, várias "verdades" razoáveis repetidas por Nemo no filme - "Nos vemos o que existe" é uma delas. Mas não há dito popular ou crenças científicas capazes de alcançar o que é a vida em si. Talvez apenas as narrativas esculpidas em sonhos possam fazê-lo. 

E quem somos nós para discordar? 
Mr. Nobody. Dirigido e escarito por Jaco Van Dormael. Com: Jared Leto,
Diane Kruger, Sarah Polley, Toby Regbo. Bélgica/Alemanha/Canadá/

França, 2009, 141 min.,  Dolby Digital, Color (DVD).

PS: Há várias referências musicais a sonhos em Mr. Nobody. Uma delas é bastante óbvia, e uma favorita minha: Sweet dreams are made of this (who am I to disagree?), de Eurythmics. A primeira vez que a encontrei numa narrativa ficcional foi em Sandman, de Neil Gaiman, na saga Prelúdios e Noturnos (Preludes and Nocturnes), quando Morpheus envia mensagens nada sutis para John Constantine. Essa música é e provavelmente sempre será bastante evocativa desse tempo para mim. 

PPS: Fragmento: Orphan Black temporada 3, episódio 1 (Estou  muito, muito desapontada... eu realmente esperava que a história não se tornasse tão confusa e enrolada que nada mais restasse da boa trama e situações apresentadas nas primeiras duas temporadas). 




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