13 de jul. de 2015

Day 99: Amores Imaginários (16 de junho)

Há algo peculiar a respeito de Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires) desde o começo, a partir mesmo de seu nome: não há nada que se realcione a amor nesse filme ou em seus personagens, mesmo que imaginário. O que encontrei nesse filme foi a ausência total de vida. 

Dirigido pelo jovem e badalado cineasta canadense Xavier Dolan (o mesmo do excelente e perturbador Mommy), ele me colocou em tal estado de desgosto que eu não podia acreditar no que via. Entendo que talvez sua intenção fosse justamente debater o quanto uma pessoa pode ser e a busca por preencher esse vazio interno. Dois amigos buscam a atenção de cara à espera de... não sei do que. Não tenho nem certeza se Francis (interpretado por Dolan) e Marie são familiares com a noção de amor. Obviamente, eles elegem como objeto mútuo de amor um bonito tão maravilhado consigo mesmo, e igualmente incapaz de amar, que ele precisa confirmar a sua imagem por meio de outros. 

O que não é raro de ver na vida cotidianamente... mas ao menos há um pouco de vida nessa busca, o que falta totalmente a esse filme, pelo menos a meu ver. 

Eu estou exagerando: Bom, foi assim que reagi. Um filme é uma forma perfeita de discutir o mundo desalmado em que vivemos, com pessoas igualmente sem alma ao redor, mas esse filme é tão conceitual e estetístico que não há vida ali. Não há alma, não há honestidade, mas apenas conceitos. Sim, algumas cenas são belas, mas elas só me deixaram ainda mais irritada. Até que eu não queria mais nada anão ser que esse filme acabasse logo para eu poder voltar a Sense8.

Nesse ponto há talvez um motivo para o meu desgosto: depois de passar parte do meu dia e noite com a nova produção dos Wachowski, eu estava encantada, repleta de amor e empatia pela humanidade. O mundo, a vida, o céu e o universo inteiro (já que estamos falando de exageros...). Pessoas diferentes, imperfeitas, incríveis, unidas pela própria condição humana. Isso é vida. Não dá para se livrar dele a fim de contar uma história e ainda assim esperar que alguém possa se identificar com ela. Ou ao menos não se pode esperar isso de mim - a cotação no imdb.com está boa, na verdade. Mas não por mim. Eu prefiro meus filmes vivos. 

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/2015/06/day-ninety-nine-heartbeats-june-16.html


Eu vi essa foto e pensei em como esse filme parecia caloroso. Mas é só aparência,
 infelizmente. Esses três estão abraçados somente em raiva, desprezo e 
superficialidade. O que é de uma inutilidade enorme. Eles poderiam estar abraçados
uns aos outros em vez disso. 
Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires). Dirigido e escrito por 
Xavier Dolan. Com: Xavier Dolan, Monia Chokri, Niels Schneider. 
Canada, 2010, 101 min., Dolby Digital, Color (Netflix).





PS: Fragmentos: Sense8, temporada 1, episódios 5 a 9. 

PPS: Uma das principais e mais constantes canções nesse filme é Bang Bang, de Sonny Bono, na voz de Dalida. É linda e de partir o coração, mas por si só nao foi capaz de dar vida ao filme. Eu lembro de uma outra participação dessa música na abertura de Kill Bill: Vol 1, com Nancy Sinatra. Eu estava tão hipnotizada por ela, num exemplo de como é a sequência de abertura de um filme é importante para uma história. 

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