1 de jul. de 2015

Dia 38: Como Não Perder Essa Mulher (16 de abril)

Primeiramente, eu preciso dizer o quanto eu gostei de Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon), a estreia de Joseph Gordon-Levitt na direção. Eu havia visto o trailer no cinema, mas não consegui vê-lo quando estreou. No entanto, estou feliz por tê-lo escolhido agora para este desafio. Já faz uns dias que eu assisti a ele, mas o filme continua comigo, bastante presente. 

(Alerta: A seguir, eu me refiro a alguns fatos do filme, algo que eu tento evitar. Neste caso, eles não são grandes spoilers da história, mas eu conto um pouquinho a respeito :)

Jon tem uma vida relativamente boa. Como ele mesmo diz ao espectador, ele gosta de sua família, de seu apartamento, do seu corpo, da sua igreja, dos seus amigos... dos seus filmes pornô. Ele vive por meio de uma rotina bem planejada. Ele trabalha, mas o que ele faz realmente não importa. Seus fins de semana, contudo, nós podemos ver: ele sai com seus amigos; encontra uma garota que se encaixa nos seus padrões de beleza (ele só escolhe as que classifica como 8 para cima); ele as leva para casa; faz sexo (geralmente insatisfatório); acorda; xinga um bocado no carro a caminho da igreja;  ele se confessa; recebe sua penitência; almoça com sua família, e finalmente vai à academia, onde ele reza suas 10 Ave Marias enquanto levanta ferro.  

Sua vida parece tão satisfatória para ele, mas não é. E enquanto ele vive um relacionamento com uma garota nota 10, aparentemente perfeita (Trata-se de Scarlet Johanson afinal), ele vai percebendo cada vez mais o quanto sua vida na verdade é insatisfatória. Os dois são um casal lindo de olhar, mas um desastre quando sozinhos um com o outro. Eles estão juntos porque seu relacionamento satisfaz aos seus propósitos, assim como ocorre em tantos relacionamentos atuais, com que esbarro diariamente. É excruciante e triste. E um enorme desperdício.   

Mas, claro que, reconhecer a insatisfação em sua forma de viver é admitir que sua vida não é o que ele e seus amigos e sua família pensam ser. É também um modo de ir contra o script de família (Na primeira visão de Jon e seu pai juntos na mesa de jantar conseguimos  entender toda sua história). Da mesma forma como ocorre com a maioria da raça humana, ir contra essas expectativas não é inaceitável para ele. Seria como admitir um fracasso (quando precisamos ser perfeitos, certo?). Ao falar dessa forma, parece fácil ir contra esse script, mas realmente não é, eu sei disso. É, na verdade, uma das nossas maiores armadilhas na vida. 

Assim sendo, ele continua num relacionamento insatisfatória para não ter de admitir que ele de fato quer algo mais para si, algo que apenas os filmes pornôs conseguem oferecer a ele. Até que ele finalmente encontra o pote no fim do arco-íris.  

Eu não gosto muito de Gordon-Levitt nessa versão super musculosa, eu o prefiro como o cara nerd, mas acho que mesmo o exagero na sua forma física é intencional aqui. É uma parte da jornada que empreendemos com ele, ao mesmo tempo angustiante e divertida. Apesar de se tratar visivelmente de uma estreia na direção (a edição dá algumas pistas), Gordon-Levitt foi muito feliz na forma como retratou uma maneira de viver que vemos todos os dias - em nós mesmos e em outros. E como a descoberta do que está nos faltando - e a admissão dessa ausência - é um verdadeiro salva-vidas. 

Para mim, este é um filme que se precisa ver, logo e mais de  uma vez :)

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/04/day-thirty-eight-april-16.html



Como não perder essa mulher (Don Jon). Dirigido e escrito por Joseph
 Gordon-Levitt. Com: Joseph Gordon Levitti, Tony Danza, Scarlett 
Johansson, Julianne Moore. EUA, 2013, Dolby Digital, Color (DVD).

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