18 de jul. de 2015

Dia 105: Rocco e seus Irmãos (22 de junho)

Perfeição. 

Se assim eu encerrasse este post, eu já teria dito o suficiente sobre Rocco e seus Irmãos (Rocco e i Suoi Fratelli), considerado a obra prima de Luchino Visconti e seu primeiro sucesso comercial. Eu já havia ouvido bastante sobre como o filme é excelente, mas eu não estava preparada para tanto. Teria sido incrível assistir a ele na tela grande do cinema, local a que esse fime pertence. 

A hístória possui tantas diferentes camadas, é impossível apontar todas. É complexa como as famílias sabem ser. Amor, ódio, maldade, culpa, perdão... cada um dos cinco irmãos Parondi possui um papel na família bastante similar ao que vemos na nossa própria ou em outras ao redor. O problemático irmão que espera que o mundo esteja ao seu dispor e que culpa os outros pelo azar que ele causa a si mesmo. O irmão quieto e esforçado que pensar ser responsável por toda a família - e faz um disserviço a todos que pretende ajudar, apesar de suas intenções sinceras e nobres. Há ainda aquele que não quer nada mais do que constituir sua prórpia família. Outro é o irmão que traz bom senso e discernimento à família. Vemos também o irmão mais novo, que presencia todo o drama em sua casa, tentando dar um sentido ao que ocorre com os mais velhos. E, por fim, claro, há a mãe, que não consegue perceber como os antigos padrões familiares não se sustentam mais por muito tempo, além de conduzirem a um grande e até mesmo trágico conflito. 

Uma sociedade que está se afastando da vida tradicional no campo, os aspectos sociais da vida em grandes cidades estão representados aqui. Visconti não se eximiria de dicutir as questões sociais do seu tempo sob o ponto de vista do realismo, no contexto da cinematografia italiana da época. Mas é curioso que, apesar de um arguemento recorrente na diegese de que todos os problemas dos Parondi resultariam de sua saída do campo para a cidade. uma das últimas no filme falas defende o oposto: o mundo está mundando, diz um dos irmãos (o mais perspicaz dos cinco, eu penso), e provavelmente o lugar de onde vieram também não seria mais o mesmo. Uma reflexão assim cuidadosa é notável em quando presente em um filme (e nas narrativas de ficção em geral).

A fotografia é maravilhosa e, claro, por se tratar de Visconti, é também bastante crua. É absolutamente brutal, e as imagens contam a respeito com perfeição, juntamente com o texto magistral. Eu me vi constantemente maravilhada por ambos, e ão conseguia acreditar o quão bom esse filme de fato é. Um fime para a vida. 

Até mesmo os diálogos dublados, com a desconfortável falta de sincronia entre entre o som e o movimento dos lábios consegue afetar a intensidade de todas as atuações. O Rocco de Alain Delon carrega um conflito interno impossível, é triste e dolorido de presenciar. Ele consegue ver claramente o que ocorre em sua família, mas seu modo de lidar com essas questões não é bem sucedido - é uma reação comum, no entanto, e que normalmente testemunhamos num ambiente familiar: um membro da família tenta desesperadamente corrigir o que está errado, agindo no lugar de outros. Não há como alcançar esse intento. Trata-se na verdade de uma crença ilusória, que acaba por acarretar mais conflitos e problemas. Asism sendo, após as primeiras cenas, eu consegui me desconectar da falta de sincronia na fala (algo que costuma me incomodar imensamente) para me concentrar no que importava ali: a excelente produção cinematográfia à minha frente. Um filme excepcional e belo, uma história honesta e palpável.

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/06/day-105-rocco-and-his-broters-june-22.html




Rocco e seus Irmãos (Rocco i suoi Fratelli). Dirigido por Luccino Visconti. 
Com: Alain Delon, Renato Salvatori, Annie Girardot. Roteiro: Luccino 
Visconti et al. Itália/França, 1960, 177 min., Mono, P&B (DVD).

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