13 de jul. de 2015

Dia 98: Uma Notícia Inesperada (15 de junho)

O velho ditado sobre não julgar um livro pela capa é bastante conhecido, mas não seguido à risca no dia-a-dia. Costumamos julgar muitas coisas a partir da primeira impressão - a proverbial capa -, e no cinema isso é costumeiro também. 

Eu jamais teria assistido a Uma Notícia Inesperada (Obvious Child) se Joe não tivesse me indicado esse filme de forma bastante entusiasmada. Os títulos em português não me atraíram muito - e há dois para esse filme, o adotado aqui e Entre Risadas e Lágrimas, como consta na Net. O poster também não me atraiu. Assim sendo, graças novamente ao Joe, eu pude conhecer um pequeno mas incrivelmente bom filme. 

De acordo com Robert McFee no livro Story: Substance, Structure, Style and Structure, Style and the Principles of Screenwriting, a coisa mais fundamental numa história é honestidade. Se o autor é fiel às suas opiniões e visões de mundo, a história tem uma boa chance de alcançar a audiência. Não importa se é uma história épica ou simples, mas como ela é contada. Já faz um tempo que honestidade é um aspecto de grande importância para mim numa narrativa, seja em filme ou livro. Não é incomum que eu classifique um filme de que gosto como honesto. Fiel a si próprio. E era justamente esse meu pensamento durante essa estreia na direção de  Gillian Robespierre. 

Obvious Child é um filme absolutamente honesto. Tanto que em alguns momentos eu pensei que ele honesto até demais, mas não é, na verdade. Se há um lugar adequado para a discussão de temas difíceis é o cinema. Violência, sexualidade, preconceitos... todo tabu que não somos capazes de abordar honestamente no cotidiano é apresentado de formas geniais no cinema (nas narrativas ficcionais em geral). Nesse caso, o que significa ser mulher é a questão principal.  Donna Stern é uma artista, e sua matéria prima é a sua própria vida, sua intimidade em cada minúsculo detalhe, especialmente os mais desconfortáveis. Eu me vi em dúvida sobre a necessidade da exposição, por exemplo, do infame creamy cheese na calcinha. Mas logo a seguir eu coloquei esses pensamentos de lado, e me questionei de imediato. Ao final, eu pensei: é isso mesmo, essa exposição não é somente necessária, mas é a força dessa história, na honestidade com que discute o quotidiano de uma mulher em seus vários aspectos, de uma forma irônica e ainda assim respeitosa e fiel. 

Esse filme é tão fofo, engraçado, cativante... Eu ri muito em alguns momentos (devo ter acordado dois ou três vizinhos), mas na última cena eu estava chorando de verdade. Não que ela seja triste, mas é palpável, viva, tanto que eu acabei por me emocionar. Uma história simples que vai além se si mesma para discutir a vida em uma forma querida e engraçada. 


Hey, Max... Você não casaria comigo? Assim, por acaso?

Uma Notícia Inesperada (Obvious Child). Dirigido e escrito por Gillian Robespierre. Com: 
Jane Slate,Jack Lacy, Gabby Hoffmann.  EUA , 2014,  84 min., Dolby, Color (Cable TV).

PS: Foi um dia bastante emocional para mim no que diz respeito às narrativas de ficção, e a música teve um papel importante. Para contar por que, eu terei de explicitar alguns aspectos do filme e da série de TV Sense8. Espero que você não se importe... Primeiro foi Sense8 e como os oito protagonistas conseguiram uma empatia por meio da música de 4 non blondes What's up? Há um momento em toda boa série a partir do qual a história fica de fato especial, e esse foi o instante em que Sense8 se fixou de vez em mim. Algumas horas depois, eu me surpreendi ao ouvir os primeiros sons da bateria do Olodum em Obvious Child. Olodum é uma força da natureza, e a cena com a música de Paul Simon é brilhante, adorável, engraçada. Eu também pude me lembrar de como eu gostava dessa música, mas infelizmente passei o meu CD Paul Simon's in The Park adiante. Agora eu tenho de ouvi-lo pelo youtube. 










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